Hoje, 6 de janeiro, é o dia da chegada!

No município de Guaxupé, interior de Minas Gerais, o dia 6 de janeiro de todos os anos é celebrado com muita festa e saudação na chegada dos Três Reis Santos.

Folia de ReisGuaxupé
Companhia Santa Cecília nas ruas de Guaxupé realizando a tradição da Folia de Reis.

Desde os últimos dias de dezembro, uma Kombi branca percorre diversas ruas de Guaxupé. Ela está sempre recheada de muita fé. Quando chega ao endereço certo para aquele dia e aquele horário, senhores, moças, senhoras e rapazes descem do veículo, recolhem instrumentos, fantasias e máscaras do seu interior e se posicionam para a cantoria. A bandeira que tem os Três Reis desenhados está cheia de enfeites, fitas, foto de pessoas e promessas . Ela carrega o símbolo dessa jornada.

Com cuidado o responsável pela bandeira se posiciona a frente do cortejo junto com os palhaços “Bastiões” e ali, no meio da rua, reunindo vozes, sanfona, cavaquinho, tambor, pandeiro, triângulo, violão, banjo, viola e muita fé, os foliões vão caminhando de casa em casa, guiados pela bandeira e por seu embaixador, para cumprir a jornada até o dia 6 de Janeiro.

Essa é uma manifestação cultural e religiosa realizada no Brasil chamada Folia de Reis. No caso da Companhia Santa Cecília, são mais de 100 anos que a família Paulino toca essa tradição na cidade. Geração após geração aprende como faz e todo ano cumpre a jornada. Aparecida, a matriarca da família, hoje acompanha junto com os filhos o compromisso de levar a fé e agradecer as promessas dos festeiros que oferecem refeições para os foliões e para as pessoas que acompanham o cortejo. “Antigamente mulher não podia participar da Folia, eram só os homens, mas hoje é diferente, as mulheres também estão junto”. Ela dá corpo ao coro de segunda voz. Quando solta a voz imponente e afinada, com seus quase 70 anos, faz estremecer o coração dos fieis.

Aparecida (de costas, cabelos longos e encaracolados) cantando com a Cia Santa Cecília de Folia de Reis em Guaxupé, MG

Essa jornada rememora a peregrinação dos Três Reis Santos que partiram em uma jornada à procura do esconderijo do Prometido Messias – O Menino Jesus Cristo – para prestar-lhe homenagens e dar-lhe presentes. Na Bíblia consta que esses Três Reis caminharam, seguindo a estrela que anunciou o nascimento de Jesus no dia 25 de dezembro e no dia 6 de janeiro, finalmente eles visitam o recém-nascido.

Cia Santa Cecília. Imagem registrada no dia 2 de janeiro de 2016 nas ruas de Guaxupé/MG

A visitação nas casas, que finda no dia 6 de janeiro é carregada de significados, mas, principalmente, emana por toda cidade um espírito de fé, benevolência, alegria, tradição cultural, caridade, humanidade e responsabilidade.

Bastião da Cia Santa Cecília, Guaxupé/MG
O Bastião é um dos principais personagens da Folia!

A Cia Santa Cecília é apenas um dos grupos que percorre a cidade de Guaxupé nessa época do ano. Liderados pelo Embaixador Tom, filho de Aparecida, os foliões da Santa Cecília visitam dezenas de casas, cantam para os moradores, oferecem bênçãos trazidas pela bandeira e recebem a oferta de doações e alimentação. “Lembro-me que nessa época ninguém passava fome na cidade, em todo lugar podia-se entrar e fazer uma refeição”, conta Zélia, uma das primas de Aparecida que se mudou da cidade muito nova, mas ainda recorda com emoção a tradição familiar de promover a Folia de Reis pelas ruas de Guaxupé.

Bastião Mirim da Família Paulino
O integrante mais novo da Cia Santa Cecília é herdeiro da tradição da família Paulino.

Regados de muita alegria, acompanhados de amigos, primos, sobrinhos, cunhados, tias, compadres, a família Paulino segue o compromisso de levar fé e bênção às demais famílias da cidade.

No dia 2 de Janeiro, após realizarem cantorias em diversas casas, os integrantes chegaram na casa do festeiro que serviu o jantar daquela noite. Em meio a fogos, alegria e cantoria, os foliões foram recebidos com uma deliciosa refeição. Na rua, além dos integrantes da Companhia,  cerca de 200 pessoas acompanhavam o cortejo, ao final da noite, todos que estavam na rua jantaram alegremente aquela refeição. “Sempre parece que tem mais gente do que comida, mas no final todos saem alimentados. Essa é a beleza da fé que faz render a comida e serve todos que acompanham a Folia de Reis”, disse um dos foliões”.

 

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